Uma noite como qualquer outra.
Quando ouço parentes chamando a porta.
Era madrugada.
Não havia o que ser dito.
Minha mãe se levanta e ao ver quem estava a porta,
simplesmente senta ao chão e começa a chorar.
Eu,
acordei antes de tudo,
e continuei deitado de olhos fechados simplesmente ouvindo.
Aquele pranto de dor,
acompanhado pelo silêncio.
Em meu leito não sabia o que dizer.
Não havia palavras para descrever.
E assim foi-se um tempo infinito.
A dor do choro,
o silêncio da madrugada,
a inocência de uma criança.
Sim eu sabia o que acontecia,
eu tinha consciência dos motivos a cerca do pranto lamentoso e interminável que inundava meu lar.
E assim foram-se infinitos minutos que pareciam nunca terminar.
Em minha inocência que em algum momento saiu de dentro de seu casulo,
verificando com os ouvidos que os infinitos minutos ocorreram dentro de minha mente,
e que a casa não mais estava sozinha,
mas cheia de vida.
Uma vida tão cheia de animais quanto uma floresta de eucaliptos.
Onde não mais havia sentimento do que a dor.
Nesse momento em que terminavam os infinitos minutos,
irrompi meu silêncio e obtive umas resposta a qual não me satisfez.
E assim,
somente dessa maneira,
concretizei meus pensamentos.
E quando dei por mim,
chorei.
Não como alguém que colocasse para fora algo grande,
não como um campeão.
Mas como alguém que fosse açoitado.
Como alguém que buscasse a morte.
Mas chorei em meu silêncio.
O tempo?!
Não existia!
A noite já se ia.
Na janela o sol trazia sua luz fria.
O tom azul do céu só me lembravam o vermelho do seu sangue.
O sangue que também corria em minhas veias e artérias.
E lágrimas que não me faziam jus.
Pois a dor era grande demais para um garoto de 10 anos.
E nesse momento jurei nunca mais chorar.
Após uma noite infinita de dor.
Após uma longa caminhada ao calvário jurei nunca mais me crucificar.
Pobre garoto,
que fez de sua inocência um escudo para a verdade.
E assim ele viveu,
sobreviveu,
ou simplesmente existiu,
por longos onze anos.
E hoje aos vinte e um,
lembra como se fosse ontem aquele 11 de novembro de 1999.
Que marcara sua vida,
a vida de sua familia e que transformou tanto tudo o que conhecia.
E mesmo onze anos após ainda chora ao lembrar de tudo.
Aquele homem que lembra que um dia jurou o impossível.
Aquele homem que foi um menino que chorou quando soube,
por si mesmo.
Que acordou no meio de uma noite fria,
com o coração quente,
ardendo em uma sensação vazia.
E por mais um 11 de novembro lembro que onze anos não são o suficiente para esquecer os dez em que você fez parte de minha vida.
Ainda moro no mesmo lugar,
ainda sou o mesmo garoto de 10 anos por dentro.
Hoje quando minha mãe disse que mesmo sendo tão estúpido e carrancudo,
mesmo sendo essa carga explosiva,
mesmo com tudo isso,
disse que tenho um bom coração.
Isso me lembra você,
pois se tenho um bom coração é motivado pela esperança de reencontrar um dia.
"E mesmo quando finjo que esqueço eu não esqueço nada...
Te perder de vista assim é ruim demais,
Por isso que atravesso o teu futuro,
e faço das lembranças um lugar seguro
Sim eu quero reviver algum passado,
Mesmo revirando um sentimento revirado
E para essa dor não saída"
Ainda espero aquele dia,
um dia qualquer,
sem data,
simplesmente ver aquele carro parando a porta,
ouvir sua voz gritando a porta.
Fazer de conta que não ouvi,
mas no fundo pular de felicidade por estar aqui comigo.
Desculpe por nunca ter dito que te amo.
Mas pai,
eu sempre te amei.
E mesmo hoje onze anos após aquela noite,
ainda lembro como se fosse ontem.
Aquele pivete ainda está aqui,
e sempre estará esperando por você!
passei por isso tbm.
ResponderExcluiracho que sei o que sentes.